Química

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EstiloPop Rock
Cidade/EstadoRio de Janeiro / RJ
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Imagem de Felipe MelanioFelipe MelanioVoz, Violão, Guitarra, Backing Vocal
Imagem de Geovanni AndradeGeovanni AndradeVoz, Teclado, Piano, Backing Vocal
Imagem de Heitor LimaHeitor LimaVoz, Bateria, Backing Vocal
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Release

QUÍMICA por Pedro Só.

Felipe Melanio (guitarra, violão e vocais), Geovanni Andrade (piano, teclados e vocal), Heitor Lima (bateria e vocal) e Viny Melanio (baixo e vocal) são quatro jovens músicos que não se limitam a trabalhar juntos como banda. Química, como escolheram ser chamados, é também o nome que usam para atuar como equipe de produção e composição, em moldes semelhantes aos que se tornaram comuns nos EUA hoje (um exemplo: The Smeezingtons, que reúne o popstar Bruno Mars e seus “parças” Philip Lawrence e Ari Levine). Isso dá uma ideia da amplitude com que percebem sua vocação musical – e que canalizam, com visão autêntica, sem compromisso com pressões de mercado, neste álbum de estreia. 



Na era de Auto-Tune, Melodyne e outros recursos tecnológicos que maquiam deficiências canoras, é uma alegria topar com um grupo que conta com três músicos capacitadíssimos a cantar como solistas, cada um com sua personalidade. Viny Melanio é o vocalista principal em “Nosso Valor” e em “Nove Letras”, Heitor Lima canta “Orgulho”, “Quem Dera”, “Quem É Você” e “Quando Acabou”; e Geovanni Andrade é a voz de “Pura Novela”, “Seu Refém”, “Recomeçar O Jogo” e “Meu Caminho”. Mas o guitarrista Felipe Melanio também contribui bastante ao microfone, nos coros e nas caprichadas harmonias vocais que os quatro reservam para alguns momentos deste álbum de estreia – intitulado simplesmente Química. Enquanto a maioria das bandas contemporâneas trabalha no máximo uma segunda voz, Química orgulhosamente toma a contramão dessa tendência.



Na faixa “Recomeçar O Jogo”, puxada por um poderoso riff roqueiro, eles mostram esse diferencial em relação a colegas de geração. Encaixam uma suave “escadinha” descendente à la Beach Boys, gravada com os quatro integrantes juntos, no mesmo microfone - capricho artesanal old school que também dá o tom no belo solo de órgão Hammond de Geovanni. 

 Felipe tem 24 anos, Viny tem 26, Heitor está com 24 e o tecladista, último a se juntar ao grupo, está com 30. Apesar da pouca idade, todos já têm larga experiência não só com bandas autorais, mas também como músicos profissionais a serviço de outros artistas. “Conhecemos o país tocando com os Golden Boys”, lembra o baixista.



Ele e Felipe são cariocas da Vila da Penha (zona norte) e sobrinhos do guitarrista Kiko, do Roupa Nova, que sempre foi um mentor e incentivador musical, presenteando com instrumentos e dando conselhos. “Ele me deu a primeira guitarra, montou para me presentear”, lembra Felipe. Heitor, carioca criado em Jacarepaguá, zona oeste, é filho do baterista e cantor Serginho Herval: toca desde os dois anos de idade e cresceu privilegiado pelos ensinamentos práticos que a trajetória do pai no Roupa Nova lhe proporcionou. 

 Além do DNA, a influência musical da banda clássica do pop brasileiro é reforçada por todas as referências a que foram expostos naturalmente, ao evoluir, cada um em seu instrumento. Por coincidência, Geovanni, nascido em São Paulo, mas criado em Manaus, também é grande fã do Roupa Nova. “Muito antes de conhecer o Heitor, já tinha foto tirada com o pai dele, palheta que ganhei no show...”, lembra. A filiação do baterista e cantor Heitor fica clara na balada “Quem É Você”, com o clima de piano bar engrandecido pelo arranjo de cordas de Dudu Trentin e um refrão muito bem encaixado.



Sem ficar alheios às bandas que marcaram os últimos 20 anos, os quatro “químicos” dividem uma paixão pelos arranjos elaborados e melodias do Queen. Também têm pendor pelo som da costa oeste americana de outras décadas recém reabilitado por parte da mídia, o tal AOR (album oriented rock) de Steely Dan e outras bandas. Um piada interna do grupo é a frase “a música como um Toto”, que evoca o grupo americano formado por ótimos músicos de estúdio e conhecido por hits oitentistas como “Rosanna” e “Africa”. “É a banda do meu coração”, crava Felipe, fã também da carreira solo do guitarrista Steve Lukather.

 O riff da faixa inicial, “Nosso Valor”, cantada por Viny, homenageia essa influência e acompanha a letra que reafirma opções artísticas que passam longe dos modismos e tendências modernosas. “Pura Novela” investe no power pop como raros praticam no Brasil de hoje e mostra a força de Geovanni como vocalista.

Em “Quando Acabou”, quem canta é Heitor, e o romantismo rasgado da letra contrasta com a contenção geral do arranjo: parece feita sob medida para as rádios, sejam elas desta ou de outras eras. “Inicialmente era para ser meio John Mayer, no violão, mas acabou indo para o lado Toto também”, comenta o baterista.



A pegada rock’n’roll marca “Seu Refém”, com um solo épico, bem guitar hero, e letra baseada em fatos reais – da vida sentimental de amigos dos músicos. Essa opção temática que domina o repertório – todo autoral – do disco tem uma explicação: autenticidade. “Fazer músicas para falar do meio ambiente ou para criticar políticos não é a nossa, não teria nossa verdade. Preferimos falar de amor, de coisas que vivemos e observamos”, explica Heitor.



Ele trouxe um pouco disso para a ótima faixa “Nove Letras”. O piano e os coros não aliviam a hipertensão, expressa em frases quebradas, guitarra totalmente Van Halen – influência que aparece também no baixo e na bateria (dos clássicos escudeiros Michael Anthony e Alex Van Halen). 



A power ballad “Quem Dera”, com vocal principal de Heitor, exemplifica bem a dinâmica criativa do grupo, onde todos têm muito a contribuir. “Com a música quase pronta, o Geovanni veio com a intro, a ‘reintro’, e a intro virou o tema final, com aquela coisa apoteótica das guitarras”, descreve o baterista. “O cara brilhou.” Outra boa canção com tintas épicas, “Orgulho” traz à tona referências mais contemporâneas – Coldplay, Foo Fighters – em estrutura simples.



“Meu Caminho” fecha o disco mostrando maturidade, já na temática da letra, escrita por Heitor a partir de desilusões em sua caminhada profissional. Os vocais caprichados e o arranjo de cordas no mellotron ajudam a canção a alçar voo antes mesmo do refrão, culminando com um excelente solo gilmouriano de Felipe Melanio. Como um bom encerramento de show, do tipo que contagia multidões. E confirma o que está sendo cantado: “Eu procurei e achei o meu destino / que veio me provar que eu tenho muito mais pro mundo”.

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