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Abraão Garcia

Abraão Garcia

EstiloSertanejo
Cidade/EstadoBariri / SP
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Poema- Fotografia de Batizado

Composição: Abraão Garcia (Bgk Editora).
Autor/compositor: Abraão Garcia Era uma sexta feira à tarde, eu estava na fila do banco parecia um dia normal! Tinha muita gente, prestei atenção no homem frente, tinha algo familiar. Então tentei lembrar se o conhecia de algum lugar! Ele percebeu que eu olhava demais, olhou para trás e me encarou de frente! Fiquei sem jeito diante daquele homem todo alinhado, de terno, pasta de couro e sapato ilustrado! Alguns segundos bastaram, passou um filme na minha memória, más lembrei na mesma hora da onde a gente se conhecia! Ele encheu os olhos d água e foi logo perguntando: você se lembra quando éramos crianças, brincamos até a adolescência? Então respondi: já faz tanto tempo, mas é claro que lembro! Das brincadeiras no terreirão, no piquete, no mangueirão, a pesca no riozinho, o nosso campinho e a bola cheia de remendos! Quanto tempo, pena que você foi embora! Então ele disse: eu não agüentava mais aquela vida de caipira! Ter que usar chinelo de correia trocada ou emendada, carregar os cadernos no saquinho de arroz, não ter nem apenas um lápis de cor!!! Os meus amigos da cidade usavam roupas bonitas sem remendo e desbotados, eles usavam tênis importado e muito mais; enquanto eu! Passava açúcar nos bolinhos-de-chuva pra matar a vontade de comer doce. Refrigerante era só uma vez no ano! A gente furava a tampinha e de vagarinho ia chupando com medo de chegar no fim! Eu não agüentava mais tomar banho de sabão de soda, ter que dividir apenas um colchão de mola com mais quatro irmãos! Então fui pra cidade grande lá na capital! Aonde conquistei o meu ideal, trabalhei consegui me formar! Abri uma empresa com os amigos da faculdade, ganhei dinheiro em grande quantidade até a gente se separar. Então voltei pra cá, comprei uma fábrica na entrada da cidade e fiz minha casa do lado pra mim morar. Não saio pra quase nada, não posso ter filhos! Então só me dedico ao trabalho, e não tenho tempo pra passear. Só vim aqui fazer um deposito, da primeira parcela de um grande negócio que eu consegui fechar! E vocês ainda moram na fazenda? Como estão às coisas por lá? Já faz vinte anos! Como é que o pai está? Então me deu um nó na garganta! Fechei os olhos, respirei fundo, engoli o choro! Comecei a contar: Depois que você bateu no nosso pai e foi embora! Muita coisa mudou por lá! Passaram vinte dias o pai teve um infarto fulminante, ele caiu no mesmo instante; Não deu tempo de socorrer! Ele estava encolhidinho embaixo de um pé de café, com os olhos vermelhos de tanto chorar, a camisa e o peito dele estavam ensopados! E com as duas mãos ele segurava apertado, junto do peito abraçado sua fotografia de batizado!

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